Resumo do livro O Alienista, de Machado de Assis

O livro O Alienista, escrito por Machado de Assis, foi publicado em 1882 e tem como abordagem as questões da mente humana como a insanidade e a racionalidade.

Esta obra faz parte do movimento artístico conhecido como Realismo aqui no Brasil e recebe essa designação apesar do autor não se considerar como pertencente a nenhuma vertente literária.

Considerado também um conto, O Alienista trata de um tema psiquiatra, ou seja, aborda uma série de doenças mentais, tratamentos e diagnósticos psíquicos.

Para além disso, a história conta com a tradicional ironia machadiana, que escolhe as melhores palavras para traçar um panorama de sua época e criticar a sociedade do século XIX.

Muito cobrado em exames de vestibular e até mesmo no ENEM, vale a pena conhecer mais sobre a história. Vamos conferir, a seguir, o resumo desse grande livro.

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Confira o resumo do livro O Alienista

O resumo do livro O Alienista conta a história do médico, conhecido como Dr Simão Bacamarte, que acaba trancando muitas pessoas da cidade e da região envolta, em uma espécie de hospício.

O escritor descreve o protagonista, que é formado em uma universidade de Coimbra, como sendo o maior médico do Brasil, da Espanha e de Portugal. Após passar uma temporada estudando, o Dr Bacamarte volta à sua terra natal aos 44 anos.

Seis anos depois, quando montou um consultório médico na cidade de Vila de Itaguaí, acabou casando-se com a viúva Evarista da Costa e Mascarenhas.

A justificativa do médico, já que não considerava a esposa bonita e nem simpática, era a possibilidade de terem filhos, devido ao corpo julgado para tal. Apesar disso, o casal nunca teve filhos. Isso aconteceu devido ao fato do Dr. Simão ter dedicado boa parte do seu tempo nos estudos da mente humana.

Um pouco mais tarde, o alienista passa a criar um manicômio, que foi chamado de Casa Verde. Para isso, o alienista pede autorização para a Câmara dos Vereadores com o objetivo de conseguir criar um hospício.

O nome Casa Verde se dá pelo fato das cores das 50 janelas distribuídas no estabelecimento. A partir daí, a casa passou a receber vários doentes e o alienista foi fazendo seus estudos sobre os tratamentos e grau de loucura ao longo dos anos.

Começaram a chegar pessoas de outras regiões também e o alienista então iniciou sua construção da casa de orates em novos espaços. Na Casa Verde existiam doentes de todos os tipos: esquizofrênicos, monomaníacos e até doentes do sentimento do amor.

O Dr. Simão Bacamarte ficou muito obcecado em estudar as características do comportamento dos humanos de acordo com uma teoria específica da época.

Então, Dr Simão Bacamarte passa a enxergar as pessoas como loucas, a partir de sua pesquisa relacionada à psiquiatria e, a partir daí, começa a receber vários internos de quem viviam na cidade e nos arredores.

Isso aconteceu pelo fato do médico passar a ver a loucura em várias pessoas, inclusive no Costa, que era julgado como insano pelo alienista.

Depois do Costa, foi internada a prima do Costa, José Borges do Couto Leve, Martim Brito, Chico das Cambraias e Escrivão Fabrício. Todas essas pessoas e as outras que foram para o exílio foram diagnosticadas com ensandecidas.

Com isso, o barbeiro Porfírio acabou liderando um movimento por conta da revolta da população. Esse movimento ficou popular como a Revolução dos Canjicas. Bacamarte vê a manifestação na porta de sua casa, mas trata-o com muita indiferença.

Diante disso, as internações ainda continuavam na cidade de Vila de Itaguaí, porém como Porfírio queria seguir carreira política, se aliou ao alienista.

Por conta das internações de cerca de 50 pessoas que apoiaram a Revolução dos Canjicas, João Pina, outro barbeiro, consegue ajudar na libertação dos manifestantes. D. Evarista, a mulher do alienista, também acabou sendo internada.

A consequência era o fortalecimento do local, embora as pessoas quisessem dar um fim na Casa Verde.

No entanto, depois de internar a maior parte da população, o Dr. Simão percebe que sua teoria pode ter sido equivocada e liberta-os.

Quase que ao mesmo tempo, o alienista passa a internar outros membros com base em uma outra teoria. Da mesma forma que a primeira sequência de internações, o doutor acredita que boa parte da população possa estar louca.

A primeira pessoa que acabou sendo internada nesse segundo experimento foi o vereador da cidade, Galvão. No entanto, o alienista percebe que nessa nova teoria também existiam erros e, com isso, avalia que o louco realmente sempre foi ele mesmo.

Por isso, o Dr. Simão Bacamarte liberta os internos da Casa Verde e se tranca no local. Depois de dezessete meses, acaba morrendo.

Análise da obra O Alienista

A narrativa de O Alienista tem um tom cômico e irônico e possui um narrador, chamado de onisciente. Existem pessoas que acreditam que o livro O Alienista é considerado um conto, porém existem pessoas que defendem que se trata de uma novela.

Para além dessa contradição, é inegável que se trata de um dos grandes clássicos da literatura brasileira, sendo muito explorada em provas de vestibular e ensinada até hoje nas escolas.

O enredo é contado em terceira pessoa e mostra a obsessão de Dr. Doutor Simão pelos estudos no campo da psiquiatria. Além disso, na obra, são abordadas questões de crítica social relacionadas a poder e ambição, expostas com o personagem Porfírio ao se unir ao Alienista.

Com isso, o autor Machado de Assis evidencia sua fase realista ao levantar questões de análise psicológica e crítica social do Alienista.

Ainda, a sanidade e loucura apresentam uma linha mais tênue de acordo com a percepção do autor.

Em suma, na narrativa são colocadas assuntos como relações sociais, interesses, comportamento humano, atitudes e até o ateísmo.

Os personagens principais da obra de Machado de Assis são:

  • Simão Bacamarte: é um médico popular concluiu seus estudos em Coimbra e é o protagonista da história;
  • D. Evarista: é mulher de Simão e tornou-se viúva após casar-se aos 25 anos com o médico que tinha seus 40 anos;
  • Galvão: é o vereador da cidade da Vila de Itaguaí;
  • Costa: é um homem visto como louco pelo protagonista da obra;
  • Porfírio: é um barbeiro da cidade e muito interessado na carreira política;
  • João Pina: é um outro barbeiro da cidade de Vila de Itaguaí;
  • Crispim Soares: é o boticário da cidade e amigo de Simão Bacamarte;
  • Padre Lopes: no livro, é o vigário da cidade de Vila de Itaguaí.

Quem é Machado de Assis?

José Maria Machado de Assis, conhecido como Machado de Assis, foi um dos maiores escritores da literatura do Brasil. Nasceu no dia 21 de junho de 1839 e morreu em 29 de setembro de 1908 na cidade do Rio de Janeiro.

Seu pai, Francisco José de Assis, foi dourador e pintor e acabou perdendo a mãe, a açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis, de maneira precoce quando ainda era jovem. Além disso, criou o Morro do Livramento e acabou passando, ao longo de sua vida, por dificuldades financeiras e a partir daí conseguir alcançar o status de intelectual.

Machado de Assis começou sua vida profissional como tipógrafo aprendiz, até tornar-se contista, jornalista, cronista, poeta, romancista e teatrólogo. Durante a carreira, produziu a maioria dos diferentes gêneros literários.

O escritor foi o fundador da cadeira de número 23 da Academia Brasileira de Letras e optou pelo José de Alencar como seu patrono.

Machado sempre estudou como pôde e, aos 15 anos, publicou o soneto “À Ilma Sra. D.P.J.A”, seu primeiro trabalho de literatura. No ano de 1856, começou a atuar na imprensa nacional, na função de tipógrafo aprendiz. Em 1858, foi revisor e colaborador no jornal Correio Mercantil e passou a integrar a equipe de redação do Diário do Rio de Janeiro, a convite de Quintino Bocaiúva, no ano de 1860.

Além disso, escrevia sempre, como crítico teatral, para a revista O Espelho. Para o Jornal das Famílias e Semana Ilustrada, Machado de Assis escreveu diversos contos.

Em 1872, o escritor publicou o primeiro romance, Ressurreição. Já no ano de 1874, o jornal que Quintino Bocaiúva contribuía, O Globo, publicou em formato de folhetins, A mão e a luva, romance escrito por Machado de Assis.

O poeta também já trabalhou escrevendo contos, crônicas, poesias, romances em jornais e revistas, como A Estação, Revista Brasileira e O Cruzeiro.

No ano de 1881 e 1897, Machado fez a publicação de suas melhores crônicas. Em 1880,  Pedro Luís Pereira de Sousa, um poeta brasileiro, teve posse do cargo de ministro interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e acabou convidando Machado de Assis para que ocupasse o seu gabinete oficial.

No ano de 1881, Memórias póstumas de Brás Cubas – uma obra que teve resultado em mudar a direção da carreira do autor – foi publicado na Revista Brasileira em formato de folhetins. A obra foi desenvolvida de 15 de março até o dia 15 de dezembro de 1880.

Machado continuou a contribuir com a Revista Brasileira na fase em que era dirigida pelo seu grande amigo e escritor, José Veríssimo. Na poesia, Machado de Assis começou com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), e passou pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Em paralelo, surgiram as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873). Além disso, os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao período do romantismo.

A obra de Machado de Assis fez tanto sucesso ao longo dos anos que chegou até a ser adaptada para filme, no ano de 1970, com o título de Azyllo Muito Louco. A direção ficou por conta de Nelson Pereira dos Santos.

Em 1993, foi criada pelo Rede Globo uma minissérie fazendo referência à obra do escritor, era intitulada como O Alienista e as Aventuras de um Barnabé.