A história do príncipe que deixou o seu pequeno planeta em viagem para descobrir o universo e a si mesmo já encanta crianças e adultos ao redor do mundo há mais de 70 anos.
Escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe” é uma obra sensível e cativante que ajuda a entender mais sobre a essência humana.
Ela narra as aventuras de um inocente príncipe de um asteroide muito distante e que chega na Terra. Ao longo de suas aventuras, ele conhece diversos personagens que, em seus próprios mundos, têm muito a ensinar para o garoto e para nós, leitores.
O livro O Pequeno Príncipe (Le Petit Prince)
Sua publicação foi em 1943 nos Estados Unidos, em inglês e francês. Nos seus quase 80 anos de existência, o livro já foi traduzido para mais de 200 idiomas e é o terceiro livro mais traduzido e adaptado do mundo, atrás apenas do Alcorão e da Bíblia.
Além disso, a singela história já teve adaptações cinematográficas diversas, bem como peças de teatro e seriados animados.
Cada versão renova na mente coletiva essa narrativa brilhante e que nos ensina tanto sobre a vida adulta e a importância da criança interior. Justamente por isso decidimos trazer esse resumo sobre O Pequeno Príncipe para que você conheça e possa se conectar com essa incrível aventura.
Lições essenciais
A obra é famosa por suas reflexões sobre amizade, amor, solidão e perda, principalmente. Elas permeiam o imaginário coletivo e já foram reproduzidas de diversas formas. Frases famosas como “o essencial é invisível aos olhos” foram proferidas por personagens carismáticos eternizados em nossa cultura.
O livro o Pequeno Príncipe ultrapassa a classe de narrativa lúdica e infantil para ser um marco Ocidental quando tratamos de análise e crítica social, psicanálise e autoconhecimento.
Por trás das inocentes viagens e devaneios do príncipe loiro que não desiste de uma pergunta, residem em profundos questionamentos sobre o cotidiano e nossas vidas.
Mostrando que a obra vai muito além de mera literatura infantil e faz parte de um seleto grupo entre os maiores clássicos da literatura mundial.
Literatura atemporal
Repetidas vezes, seja nos personagens encontrados ao longo do caminho ou em situações que o príncipe observa, somos colocados frente a frente com características humanas e personalidades diversas.
Por mais que o livro tenha sido escrito numa época extremamente diferente, suas críticas e apontamentos sobre a natureza humana nunca deixam de ser atuais.
Pelo contrário, os problemas evidenciados por Exupéry na obra são ainda mais agudos nos dias de hoje. A magia da observação e abstração do cotidiano é uma das mais impressionantes características do livro. Buscamos deixar isso claro no resumo apresentado abaixo.
Resumo do livro O Pequeno Príncipe, clássico de Antoine de Saint Exupéry
A história começa com o narrador, que também é um dos personagens do livro, contando um pouco de suas experiências de vida. Descobrimos que ele, na infância, começou a aprender a desenhar.
Inspirado por livros de vida selvagem e suas lições sobre hábitos de alimentação das cobras, ele produz o primeiro desenho de sua vida, intitulado Desenho 1.
Para sua surpresa e decepção, ao mostrar a arte para os adultos, estes não a compreendiam. O que as pessoas mais velhas julgavam ser um chapéu, na verdade, era uma cobra jiboia que engoliu um elefante inteiro na concepção do jovem desenhista.
O Desenho 2 foi produzido a fim de explicar o primeiro e permitir aos adultos entenderem o que viam. Assim, nosso narrador reproduz a imagem anterior, mas desta vez mostrando o interior da cobra. Isso nos permite ver o elefante no réptil, pronto para ser digerido.
As pessoas grandes julgavam aquilo como bobagem e aconselhavam o pequeno a aprender sobre geografia, história, gramática e matemática. Coisas sérias e úteis.
Após este fato, a breve carreira de desenhista da criança se encerrou e, no futuro, ela se tornou um piloto de aviões. Este aviador, artista interrompido, é o nosso narrador, e se encontra preso no deserto do Saara após um pouso forçado por problemas em sua aeronave.
Entre o desespero de precisar consertar a máquina para escapar dali e não sucumbir à sede e fome, ele recebe um pedido inusitado de um visitante inesperado e peculiar.
O Pequeno Príncipe
Quem lhe acorda na solitária noite no deserto é um garoto loiro de vestes coloridas e excêntricas, que não combinava nada com o lugar e cuja presença naquele lugar era quase inexplicável.
Se já não fosse estranho o suficiente, este lhe pede para desenhar um carneiro. Apesar dos questionamentos do aviador, a criança na sua frente não desiste do pedido e se concentra nele.
Como “quando o mistério é impressionante demais, não ousamos desobedecer”, o narrador decide desenhar o tal carneiro. Entre as pontuações do garoto sobre o estado de saúde, idade e outras características da criatura que o obrigam a desenhar e redesenhar, o aviador decide por fazer uma simples caixa e dizer que lá dentro está o carneiro como o menino pede.
De alguma forma funciona, e o pequeno fica admirado com o carneiro, perfeito como precisa. A imaginação e sensibilidade daquela criança desperta algo dentro do piloto artista. Ele inclusive entende o que é uma jiboia engolindo um elefante, apesar de não ter interesse naquilo, no momento.
As pessoas grandes realmente não sabem muito bem como pensar. As crianças são quem realmente entendem o mundo.
Entre conversas, o narrador descobre que o pequeno veio dos céus, como ele. Mas… um pouco diferente. O Pequeno Príncipe vinha de muito distante, e vivia em um pequeno planeta que o piloto imaginou ser o asteroide B 612.
Os baobás e a rosa
Nos próximos dias no deserto, enquanto o narrador faz esforços para consertar o avião, ele e o príncipezinho trocam histórias. Logo aprendemos que B 612 era um planetinha muito pequeno, onde vivia apenas o Pequeno Príncipe.
Ele cuidava de seus três vulcões, um deles adormecido, que não passavam de seu joelho, e também limpava os brotos de baobás. Estas plantas, que crescem muito e chegam a alturas e volumes desproporcionais para o diminuto planeta do príncipe, precisam ser removidas logo cedo, para evitar uma catástrofe global.
Estas informações são reveladas uma vez que, como descobrimos nos diálogos, o Pequeno Príncipe quer um carneiro justamente para eliminar estes brotos, o que lhe economizará bastante trabalho.
Mais sobre o planeta onde vive o Pequeno Príncipe é contado pelo próprio, e também ficamos sabendo da rosa. A rosa vermelha. Ela apareceu em B 612 de forma misteriosa e, após muito preparo, desabrochou para exibir toda sua glória e beleza.
O Pequeno Príncipe jamais vira algo tão belo e passou a conhecer e cuidar da bela flor. Problema é, a rosa não parava de fazer exigências e buscar a atenção do príncipe. Ela não gostava do vento, e o fez tapá-lo. Sentia frio de noite, e requisitou uma redoma de vidro. Quando questionada, ela tossia e desviava do assunto.
Isso levou o jovem à exaustão e, após cumprir sua rotina matinal de cuidar do planeta, ele partiu. Não foi fácil, mas após uma despedida dolorosa para ambos os lados, ele se foi.
Todas as estrelas no céu
Em sua jornada, o Pequeno Príncipe passa por vários planetas antes de chegar na Terra. Em cada um dos planetas ele se encontra com um personagem diferente.
Estes exibem personalidades e características muito diferentes e particulares. Cada encontro é totalmente singular e deixa no príncipezinho uma marca ou semente de pensamento.
Tais personagens, como é o padrão, nunca são nomeados de forma tradicional. Ao invés disso, são chamados pelo seu arquétipo ou ofício, sua característica definidora e o que fazem em seu planeta particular.
Os asteroides 325, 326, 327, 328, 329 e 330 são habitados por, respectivamente:
O rei
No primeiro dos asteroides que encontra, vive um rei. O primeiro planeta é tão pequeno que o trono e a capa dele o ocupam quase todo, e mal há lugar para o Pequeno Príncipe sentar. O rei fica muito feliz com a chegada do viajante, afinal, é um súdito.
Para os reis, todos os demais são súditos, por mais que seja apenas ele, seu trono e sua capa na superfície.
A conversa com o rei é longa, e ele se diz um rei justo, que pede apenas o que seus súditos podem entregar. Mas logo percebemos que ele apenas pede o que será entregue, e reajusta suas ordens de acordo com os caprichos do Pequeno Príncipe.
O rei se diz reinar sobre tudo o que há, mas desesperadamente busca sua própria autoridade.
Entediado, o Pequeno Príncipe decide continuar a viagem. Desesperado, o rei lhe oferece cargos de autoridade para que fique. Mas, sem o que fazer com tais posições, o Pequeno Príncipe apenas parte.
O vaidoso
O vaidoso é a pessoa mais bonita, inteligente, bem vestida e rica de todo o planeta! Porém, neste só há ele. Com a chegada do seu mais novo admirador, afinal, para os vaidosos todos são seus admiradores, ele pede palmas e holofotes do príncipe.
Logo o Pequeno Príncipe vê que com o vaidoso não há diálogo, ele escuta apenas os elogios. A interação é breve e logo ele parte para o próximo.
O beberrão
Mais uma interação que se encerra rapidamente. Neste planeta, beberrão apenas bebe, sentado de frente a uma mesa cheia de garrafas, algumas vazias e outras cheias. Ele parece cansado e, ao ser questionado por que bebe tanto, se justifica que o faz para esquecer a vergonha de beber tanto.
Durante sua viagem, o Pequeno Príncipe pensa em como as pessoas grandes, e seus mundinhos, são estranhas.
O homem de negócios
Com este personagem, o Pequeno Príncipe passa bastante tempo conversando. Suas ideias e motivações são muito alienígenas para o príncipe.
Homem de negócios passa o tempo a contar, com exatidão, as estrelas ao seu redor. Ele as conta e as reconta o tempo todo. Segundo ele, elas são suas, uma vez que foi o primeiro a reclamá-las.
Pequeno Príncipe não entende muito bem porque ele precisa de todas as estrelas. O homem o informa que é para ficar rico. Para quê? Óbvio, para comprar mais estrelas, assim que forem encontradas.
O acendedor de lampiões
Neste minúsculo asteroide, os dias possuem apenas um minuto! Aqui o Pequeno Príncipe conhece o acendedor de lampiões que, dia e noite, deve apagar e acender o lampião que aqui existe.
Logicamente, a cada minuto ele acende e apaga o objeto uma vez. E no próximo repete o processo. Ele nunca para de cumprir seu ofício com disciplina, mas seu sonho é poder descansar.
Ficamos sabendo que nem sempre foi assim. Mas, tragicamente, o asteroide revolve de tal maneira que, a cada ano, os dias ficam mais curtos. Assim, o acendedor viu sua vida ser cada vez acender e apagar o lampião.
O geógrafo
Neste enorme planeta, pelo menos para os padrões do Pequeno Príncipe, vive um estudioso geógrafo.
Com ele, aprendemos sobre o ofício do geógrafo, que é estudar e recordar as coisas. Ele se ocupa tanto com isso, mas não é que não pode se preocupar em realmente ver as coisas. Quem o faz são os exploradores. Pessoas como o Pequeno Príncipe, que podem viajar por aí e trazer relatos.
É com este personagem que o Pequeno Príncipe aprende sobre a Terra e sua grandiosidade. E, assim, o garoto loiro se dirige para nosso planeta.
Um planeta de homens
Na Terra, o Pequeno Príncipe chega no deserto do Saara. Para sua surpresa ele é o único habitante. Ele pergunta a uma flor, diferente de sua rosa, que diz os ver muito pouco. Devem existir menos de uma dezena, segundo ela.
Aqui ele também encontra uma cobra com opiniões agudas, mas sinceras, que diz poder ajudá-lo caso queira voltar ao seu planetinha.
O planeta é grande e o príncipe passa bastante tempo aqui, explorando os territórios e o que oferecem. Ele demora a encontrar moradores, e quando os faz encontra dificuldades em entender por que se movem tanto de um lado para outro e por que precisam tanto economizar tempo.
A sabedoria da raposa
Aqui ele também encontra a raposa. Este personagem é muito importante na jornada do Pequeno Príncipe e, com suas colocações sempre carregadas de significado e certeiras, ensina ao garoto como nós entramos na vida dos outros e os conquistamos.
Essa responsabilidade carregamos para sempre, e os sentimentos compartilhados são essenciais para as partes.
A raposa ensina para ele sobre compreensão e empatia, mas também sobre as despedidas. Embora dolorosas, estas são inevitáveis e necessárias, e não apagam os momentos felizes.
O retorno para o céu
No fim do livro, o Pequeno Príncipe (ou Le Petit Prince), deve voltar para o seu planeta. Ele entende melhor sua relação com a rosa e quer voltar para seu planeta, cuidar de seus três vulcões e brotos de baobás.
Embora a despedida seja triste e trágica, o narrador consegue consertar sua aeronave e poderá voltar a voar. Eles compartilham água, e o príncipe, em mais uma lição para o crescido piloto, vê muita beleza no ato de saciar a sede um do outro.
Finalmente de volta às estrelas, o príncipe deixa muita saudade no narrador que, seis anos após o encontro, decide escrever suas memórias e lições sobre amizade, amor e inocência. Uma excelente obra entre os livros de infanto juvenil.
E, como você pode perceber, até o final da história o autor deixou poderosos recados de como aproveitar a vida junto das pessoas que amamos, valorizar a amizade e ter muita consideração pelo que é nosso e também em relação ao próximo.
Quem foi o francês Antoine de Saint Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe
O francês Antoine de Saint Exupéry nasceu em 1900 e foi piloto de avião para a companhia aérea Latécoère.
Fazia viagens entre a França e Senegal, levando correspondência. Ele chegou a morar em Buenos Aires por longo tempo. Nas cartas escritas aos amigos, dizia não gostar muito da cidade, mas que fez muitos amigos em Concórdia e na Patagônia.
Ele se relacionou com Consuelo Suncin de Sandoval, artista muito bela que muitos acreditam ser a inspiração para a personagem Rosa. Ele adorava animais e desenhar.
Ele chegou a sofrer um acidente aéreo com pouso forçado no meio do deserto. O evento serviu de inspiração para seu livro “Terra dos Homens” e como palco central dos eventos em “Le Petit Prince”.
O autor morreu em 1944, desaparecido durante missão de reconhecimento no mediterrâneo na Segunda Guerra Mundial.