O romance “A moreninha” foi publicado em 1844, em uma tentativa de atrair a atenção para a literatura nacional em uma época em que o foco era a Europa.
Essa obra foi a responsável por conceder ao seu autor, Joaquim Manuel de Macedo, enorme prestígio. Afinal, ele foi o primeiro a escrever sobre a história de um amor puro, com um leve suspense, mas que termina com um “felizes para sempre”. Dessa forma, o autor inaugurou o Romantismo Brasileiro.
O fato de ser precursor de um grande movimento literário e a história de um amor romântico bem acabado são os motivos de até hoje este ser um dos livros que mais cai nos vestibulares.
Quer saber mais sobre a obra? Então confira a análise e o resumo do livro “A moreninha”!
Joaquim Manuel de Macedo, o autor mais conhecido do Rio de Janeiro
Joaquim Manuel de Macedo nasceu em Itaboraí, no Rio de Janeiro, em 1820. Embora tenha se formado em medicina, ele nunca exerceu a profissão porque preferiu se dedicar à literatura desde cedo.
Inclusive, o romance “A moreninha” foi publicado no ano da sua formatura e ficou conhecido como a sua obra mais importante.
Apesar de ser mais conhecido como romancista, Joaquim Manuel de Macedo foi jornalista, dramaturgo e professor secundário.
Além disso, junto a Araújo Porto Alegre e Gonçalves Dias, ele fundou em 1849 a Revista Guanabara.
Resumo do livro A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo
A história narrada no livro “A moreninha”, começa com quatro amigos estudantes de medicina, Filipe, Augusto, Fabrício e Leopoldo, sendo convidados para passar o feriado tradicional de Sant’Ana na ilha de Paquetá, na casa da avó do primeiro.
Porém, antes de iniciarem a viagem, os amigos fazem uma aposta com Augusto, o mais namorador do grupo: se ele ficasse apaixonado pela mesma garota por mais de quinze dias, ele teria que escrever um livro sobre o romance. Caso contrário, Filipe é quem deveria escrever o livro.
Quando chegam na casa de D. Ana, o grupo de amigos conhece Carolina – a irmã de Filipe -, e suas duas primas, Joaquina e Joana.
Num primeiro momento, Augusto via Carolina apenas como uma garota impertinente. Mas, com o tempo, sua vivacidade e inteligência ao responder às provocações do jovem começam a conquistá-lo.
Enquanto isso, Fabrício e Joana começam a ter problemas no seu relacionamento. Por isso, ele pede a ajuda de Augusto para colocar em prática um plano que causaria o rompimento do casal. Mas, como Augusto não concorda com a armação, os dois amigos começam a brigar.
Então, durante um jantar, Fabrício expõe a personalidade inconstante de Augusto em relação aos seus relacionamentos. Como resultado, todas as mulheres que estão presentes na reunião se afastam dele, com exceção de D. Carolina, mais conhecida como “a moreninha”.
A moça fica encantada com a personalidade do jovem estudante de medicina, que, ao contrário de outros homens, não esconde o fato de ser inconstante no amor.
O passado de Augusto
Depois desse incidente no jantar, Augusto se sente sozinho e procura D. Ana para conversar. Enquanto caminham pela ilha, o jovem revela o motivo de ser tão inconstante no amor.
Quando tinha treze anos de idade, em uma viagem com sua família, o jovem Augusto conheceu uma menina linda. Ela estava observando uma concha à beira-mar, mas não conseguia pegá-la por causa das ondas. Então, ela se aproximou dele triste por não conseguir alcançar a concha.
Prontamente, Augusto se ofereceu para a ajudar, e assim eles fizeram amizade.
Depois de horas brincando, a menina perguntou se Augusto gostaria de se casar com ela algum dia. Embora um pouco desnorteado, ele aceitou a proposta e eles passaram a chamar um ao outro de “minha mulher” e “meu marido”, sem nunca perguntarem seu verdadeiro nome.
Logo em seguida, um menino se aproxima deles chorando, falando que seu pai estava prestes a morrer. Então, Augusto e a menina vão até a casa da família para tentar ajudar de alguma maneira. Porém, nada poderia ser feito pelo homem.
Após uma caridade realizada pelos jovens, o homem os abençoou e profetizou a sua união. Como gesto de gratidão, o velho deu à menina um breve branco; e para Augusto, um verde.
Além disso, o velho pediu para que Augusto desse algo para a menina. Então, ele retirou um alfinete de camafeu de sua roupa e entregou a ele. O homem pediu o mesmo para a jovem, que lhe deu um botão feito de esmeralda de sua camisa.
Assim, antes que ele falecesse, os dois foram embora com um destino selado.
De volta à praia, Augusto e a menina trocaram os breves em uma promessa de um dia se encontrarem e serem felizes juntos. Então, eles se despediram, mantendo seus nomes em segredo.
Enquanto contava sua curiosa história para D. Ana, Augusto pensava estar a sós com a mulher. Porém, o que ele não sabia era que Carolina estava escondida, escutando tudo.
O romance de Augusto e Carolina
Quando o final de semana acaba, Carolina e Augusto já estão apaixonados. Então, ele a visita aos domingos, o que faz aumentar o sentimento em seu coração.
Porém, essa paixão passa a interferir nos estudos de Augusto. Por isso, seu pai o proíbe de sair de casa a fim de que ele se dedique totalmente à faculdade de medicina.
Essa separação faz tão mal para Augusto que ele fica doente. Ao mesmo tempo, Carolina também sofre com a falta das suas visitas.
Nesse momento, Filipe interfere e convence o pai de Augusto a permitir que os jovens se casem. Então, depois de uma reunião com a D. Ana, o casamento é acordado.
Assim, Carolina e Augusto se reencontram no mesmo lugar que ele conversou com a avó da garota.
Mas Carolina revela que escutou a conversa entre ele e D. Ana e o repreende por não cumprir o voto que fez a jovem que conheceu há sete anos e a um velho em seu leito de morte.
Então, Augusto jura amor eterno a Carolina e diz que seria impossível reconhecer a menina, pois nem sabia o nome dela. Mesmo que ele soubesse quem ela é, Augusto não poderia negar o amor que sente por Carolina.
O conflito é resolvido quando a jovem revela o breve que ganhou de um velho prestes a morrer. Enrolado nele havia o camafeu de Augusto!
Assim, Augusto e Carolina concluíram que sua busca tinha chegado ao fim, afinal, sempre estiveram destinados a ficarem juntos.
Além disso, a aposta feita pelos amigos estava ganha. Agora, Augusto teria de escrever sua história de amor, intitulada “A moreninha”.
Análise do romance “A moreninha”, a primeira obra do romantismo brasileiro
Como vimos no resumo do livro “A moreninha”, a história se passa em uma ilha próxima ao Rio de Janeiro. Embora Joaquim Manoel de Macedo não mencione o nome do local, se referindo a ele apenas como “a ilha de…” a descrição na obra e alguns dados da sua biografia nos fazem acreditar que o romance acontece na Ilha de Paquetá.
A narrativa de “A moreninha” se passa no século XIX. De fato, é possível perceber muitos costumes da época durante a história, como a rotina de um estudante de medicina, o casamento arranjado, a tradição religiosa da festa de Sant’Ana, os bailes e até uma das lendas da cultura nacional.
Embora não mencionado no resumo, a obra também mostra que as mulheres namoravam mais de um homem ao mesmo tempo. Assim, o autor mostrou como era importante para as mulheres garantir um casamento.
Ademais, cabe destacar a importância histórica deste romance, que inaugurou um novo movimento artístico e que até hoje encanta novos leitores.
Aspectos técnicos
O livro “A moreninha” é narrado em 3ª pessoa, ou seja, possui um narrador onisciente. Porém, em alguns momentos é Augusto quem conta a história, como quando ele fez a aposta com Filipe. Dessa forma, é possível que o leitor compreenda melhor a personalidade dos personagens.
Todo o romance acontece ao longo de três semanas e meia e é contado em tempo cronológico.
De forma geral, a sua linguagem é simples e prende o leitor com um leve suspense. Além disso, como há muitos diálogos entre os personagens, o leitor tem a sensação de que o desenvolvimento da trama está acontecendo naquele momento.
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“A moreninha” e o Romantismo
Como sabemos, o romance “A moreninha”, do autor Joaquim Manuel de Macedo, é considerado a primeira obra do Romantismo brasileiro. Por isso, a narrativa apresenta algumas características marcantes desse movimento, como a idealização de um amor puro, sem traição, que aparece na infância e continua inabalável com o passar dos anos.
Além disso, podemos observar a tradição religiosa, o sentimentalismo e a caracterização da natureza que constroem um cenário romântico para o amor também romântico de Augusto e Carolina.
Visão geral dos personagens de “A moreninha”
- Augusto: estudante de medicina descrito como inconstante e volúvel em seus relacionamentos amorosos. Mesmo assim, ele é um romântico.
- Carolina: também conhecida como a moreninha, é uma menina de quatorze anos de idade, impertinente, engraçada, inteligente e travessa. Ela é irmã de Filipe.
- D. Ana: é a dona da casa na “ilha de…” que o grupo de amigos vai para passar o feriado. D. Ana é avó de Filipe e de Carolina.
- D. Violante: é amiga da D. Ana e a senhora inconveniente que aborreceu Augusto com suas reclamações.
- Fabrício: é amigo de Augusto e faz faculdade de medicina com ele. Ele é prático e um pouco mesquinho quando o assunto são relacionamentos.
- Filipe: faz parte do grupo de amigos estudantes de medicina. É ele quem faz o convite para que Augusto, Fabrício e Leopoldo passem o feriado de Sant’Ana na ilha, na casa da sua avó.
- Joana: é a prima de Filipe que se envolve em um romance com Fabrício. Ela é uma adolescente de dezessete anos, com olhos e cabelos negros e pele pálida.
- Joaquina: é uma jovem de dezesseis anos. Ela tem cabelos louros, olhos azuis, pele cor-de-rosa e também é prima de Felipe.
- Leopoldo: é o amigo de Augusto mais animado e também é estudante de medicina.
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