Memória Semântica: Significado, Definição, Como funciona

Memória semântica

Você sabe o que é um livro ou um computador, não sabe? Ter conhecimento desses dois itens e de todos os objetos e coisas nomeáveis no mundo é o que define a memória semântica.

Ela é parte da nossa memória de longo prazo, que trabalha com ideias, conceitos e tudo aquilo que a gente absorve facilmente ao longo da vida.

Diferente da memória episódica, que retém informações sobre nossa experiência de vida em ordem cronológica, a memória semântica guarda dados através das palavras.

Por isso, sempre que alguém evoca uma palavra, automaticamente, lembramos seu significado e sua forma.

Quer entender melhor os conceitos da memória, uma das funções neuropsicológicas mais complexas? Então é só continuar a leitura!

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Sobre a memória: o que é e quais os tipos de memória?

Memória é uma função neuropsicológica que possibilita ao indivíduo reter palavras, imagens, sons e uma gama de informações, ajudando no aprendizado, com base no conhecimento e nas experiências vividas.

No ramo da psicologia, a memória é uma das funções mentais dentro dos processos psicológicos básicos, os quais também incluem: pensamento, linguagem, percepção, sensação, aprendizagem, entre outros.

Através da memória, nossas informações adquiridas são codificadas e armazenadas para que, no futuro, ela possa passar pelo processo de recuperação e reconhecimento.

Mas a memória não é unitária, e sim dividida por tipos e significados diferentes e que trabalham em conjunto para que você se lembre da maior quantidade de informações possível.

Para te ajudar a compreender a memória semântica, primeiro vamos identificar cada um dos tipos de memória de longo prazo e sua estrutura na hierarquia.

Memória de longa duração

  • Declarativa (explícita):

→ Memória Episódica

→ Memória Semântica

  • Não declarativa (implícita):

→ Condicionamento

→ Super aprendizado

→ Habituação

→ Adaptação

→ Priming

Essa foi a estrutura da memória e, como você pode ver, a memória de longa duração é composta pelas memórias explícitas e implícitas.

Ou seja, a memória semântica faz parte da área responsável por todo o nosso aprendizado e retenção de dados ao longo do tempo.

No início da vida e durante a infância, enquanto aprendemos constantemente, a curva de crescimento da memória semântica é mais intensa. Na fase adulta, ela tente a se estabilizar para, por fim, na velhice, ir diminuindo.

Pessoas que sofrem da Doença de Alzheimer, por exemplo, têm dificuldade na capacidade de recuperação dessas informações.

Inclusive, é algo natural o processo de degeneração da memória com o avançar da idade, sendo importante, contudo, cuidar e retardar o máximo possível a perda da memória.

Além disso, a estrutura também é composta pela memória de curta duração. Mas, para a gente não se estender muito sobre todos os tipos e significados neste artigo, você pode ler sobre a memória de curto prazo e como ela funciona na prática.

O que é e como funciona a memória semântica?

A memória semântica compõe a memória declarativa de longo prazo e é responsável por reter informações de forma duradoura para que possamos usá-la nos momentos apropriados.

Em outras palavras, a memória semântica tem relação com a palavra. Afinal, o termo “semântica” é uma parte da linguística que estuda a ligação entre a palavra e o seu sentido.

Sendo assim, não basta a palavra “cadeira”, é preciso saber o que é e para que serve a cadeira. Uma vez que você tenha aprendido, essa palavra será armazenada em sua memória semântica, sendo facilmente lembrada e entendida por você.

Mas, para que isso aconteça, é necessário que a memória declarativa (verbalizada) também trabalhe a memória de curto prazo. Isto é, ao armazenar os elementos por curtos períodos, nosso cérebro pode convertê-los em lembranças duradouras.

Por isso é tão importante estudar, ler livros e conhecer técnicas de memorização. Dessa forma, conseguimos fixar as memórias de curta duração e transformá-las em memórias de longo prazo.

Ademais, a persistência em acessar as memórias fazem com que elas fiquem retidas na nossa mente. Por exemplo, quando um estudante de vestibular está aprendendo um conceito novo, ele lê sobre, escuta alguém falar, escreve e exercita até que entenda o que se trata.

Esse conceito, aprendido de diferentes maneiras, faz com que a informação fique armazenada na memória semântica.

Alguns exemplos de memória de longo prazo

Se você sabe o que é uma chave e para que serve, isso significa que o cérebro conseguiu absorver essas informações e não dá mais para ignorar, certo?

Até mesmo uma persona non grata que você gostaria de esquecer, não consegue. Por quê?

Porque sempre que você vê alguém parecido ou com o mesmo nome, seu cérebro atua em processos de associação, resgatando um dado semelhante em sua memória e, desse modo, fazendo o reconhecimento.

Destacamos, porém, que o nosso cérebro armazena dados de longos períodos quando eles são marcantes e significativos.

Por isso, sempre que você fixa uma lembrança, seja negativa ou positiva, ela sai do campo de curta duração para tomar a área da memória de longo prazo.

Veja mais exemplos de memória semântica:

  • o conceito do que é um livro;
  • o significado das letras e palavras;
  • saber que peixes nadam em água;
  • e que água é fonte de vida;
  • reconhecer as pirâmides como sendo do Egito;
  • entender a diferença entre cachorro e cavalo;
  • lembrar que vatapá é comida típica da Bahia;
  • o nome das principais cores do círculo cromático;
  • as diferenças entre computador, notebook, tablet e smartphone;
  • compreensão dos números;
  • saber que a capital da França é Paris;
  • e não esquecer que a capital do Brasil é Brasília;
  • ou que a África é um continente, e não um país;
  • entre outros exemplos.

Até aqui você conseguiu entender o conceito da memória semântica como parte da memória declarativa nos exemplos citados? Então vamos prosseguir para compreender mais sobre as memórias declarativa e não declarativa.

Memória de longo prazo e memória episódica

Em nossa estrutura citada neste artigo, você viu que a memória semântica está na memória declarativa, compondo as lembranças de longo prazo.

Além disso, existe a memória episódica, que nada mais é que um conceito de memória cronológica, nos ajudando a lembrar de datas específicas.

Um bom exemplo é quando uma pessoa relata ao amigo sobre o livro que leu no último final de semana. Esse é o tipo de memória semântica. Já quando a pessoa lembra o dia exato, as horas e o que aconteceu nos primeiros minutos antes de ler, define a memória episódica.

Portanto, a memória de longo prazo e a memória episódica trabalham juntas no processo de informações e referências no cérebro.

Mais exemplos de memória episódica

A melhor maneira de compreender a memória episódica é conhecendo exemplos. Aqui vamos destacar alguns. Acompanhe:

  • Você relatou aos seus amigos como foi sua viagem no Canadá (memória semântica), e destacou algum evento ocorrido nos primeiros dias (memória episódica);
  • Você lembra o nome do livro e em qual livraria comprou (memória semântica), e onde mais você foi após a compra (memória episódica).

Abordamos, assim, o conceito das memórias semânticas e episódicas na estrutura declarativa. Mas ainda existe a memória implícita, isto é, a memória não declarativa de longo prazo. Continue lendo para entender.

Memória de longa duração: a memória implícita e sua definição

A memória implícita ou não declarativa é a nossa capacidade de realizar um ato sem esforço, ou seja, no automático.

Diferente da memória semântica, que é acionada pelas palavras, a memória implícita é uma modalidade que consiste em reter informações com base em percepções e motricidade.

As habilidades que adquirimos ao longo da vida referentes a esses dois mecanismos (percepções e motricidade) não dependem, portanto, de verbalização, isto é, das palavras declaradas.

Um bom exemplo disso é andar de bicicleta. Alguém consegue desaprender essa prática? Basta montar em uma bicicleta e pedalar. É automático!

Outro exemplo simples é o ato de escrever ou mesmo saber escrever em seu idioma. É uma forma automatizada de fazer algo que aprendeu e não precisa que alguém explique de novo como fazer.

Portanto, tudo aquilo que você faz no automático é chamado de memória implícita, que faz parte da memória de longo prazo.

E tudo aquilo que depende das palavras para fazer a associação é chamado de memória semântica.

Mais exemplos de memórias implícitas

  • Escrever com a mão direita ou esquerda;
  • Dirigir um carro ou moto. Quem aprende uma vez, consegue fazer todos os procedimentos de um jeito natural;
  • Cozinhar macarrão ou fazer qualquer comida sem precisar reler a receita;
  • Ir até o local de trabalho sem precisar olhar GPS ou mapa também é exemplo de memória implícita;
  • Fazer compras e saber que precisa passar no caixa para pagar por elas;
  • Comer e beber não dependem de esforços de memorização, considerando adultos saudáveis;
  • Andar, correr e tomar banho também são exemplos que não precisam de recordação para serem executados;
  • Escovar dentes e pentear os cabelos;
  • Assinar o próprio nome.

Há muitos outros atos que podem ser caracterizados como memória implícita. Basta lembrar o que você faz no automático sem depender das palavras ou de esforço para trazer à memória.

Memória declarativa e a amnésia infantil: qual a relação?

Você já se perguntou por que não lembramos de tudo que vivemos quando éramos crianças? Afinal, vimos neste artigo que todas as informações que o cérebro retém são armazenadas, podendo ser recuperadas quando precisamos lembrar de algo, certo?

Mas, segundo o coordenador do laboratório de cognição do Instituto de Biociências da USP, André Frazão, o sistema nervoso central das crianças não está totalmente desenvolvido.

À medida que elas vão crescendo, o encéfalo se desenvolve, ganhando novas células e conexões neurais.

Por isso ocorre a amnésia infantil, porque as lembranças que deveriam ficar armazenadas na memória declarativa são “perdidas” enquanto o sistema nervoso se desenvolve.

Dissemos “perdidas” entre aspas porque nada, de fato, se perde. As crianças podem esquecer de várias situações que viveram e presenciaram, mas seus sentimentos e emoções permanecem.

Um bom exemplo disso é quando a criança vive uma experiência negativa ao ganhar um presente. Ela pode se esquecer do momento, mas terá certa aversão em ganhar presentes, porque, de forma inconsciente, aquilo lhe faz “recordar” de uma situação desagradável.

Considerações finais

A memória é uma função mental complexa, baseada em nossas experiências vividas e faladas. Tudo que vemos, ouvimos e sentimos podem ser armazenados em nossa mente em curto período ou de forma duradoura.

Tais informações, após armazenadas, nos ajudam a repetir ações sem esforço, ou a lembrar de alguma coisa quando a palavra é evocada.

Devido a sua complexidade, a memória foi dividida em tipos de memória, sendo declarativa (verbalizada) e não declarativa (não verbalizada).

Vamos recapitular o que aprendemos hoje sobre a memória semântica e episódica?

Memória semântica

Sempre que uma nova palavra é dita, nosso cérebro armazena na memória semântica e nos ajuda a entender aquele termo no futuro. A memória semântica, portanto, tem a ver com a língua falada e escrita.

Memória episódica

A memória episódica é aquela lembrança não verbalizada, ou seja, implícita. Ela inclui todas as memórias que dependem de nossas percepções e motricidade, como andar de bicicleta.

Enquanto a semântica guarda as informações, ideias e conceitos, a episódica trata da memória cronológica.

Gostou de aprender sobre memória?

Neste artigo, abordamos não só as informações sobre memória semântica como também um pouco sobre a memória implícita.

Se você gosta desses assuntos sobre memorização, não deixe de navegar pelo blog e conferir mais sobre o tema. Até a próxima!

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