“Meu Pé de Laranja Lima”, clássico de José Mauro de Vasconcelos, é um grande sucesso da literatura infanto juvenil brasileira. Adaptações e versões foram feitas para o cinema e televisão.
O livro foi, inclusive, traduzido para diversos países e para diversas línguas. O que mostra o poder dessa história e como o retrato da infância feita por José Mauro é profunda, realista e muito próxima do que acontece em outras partes do mundo.
Lançado em 1968, bem no começo da Ditadura Militar no Brasil, o livro mostra um pouco como era a vida naquele tempo, as condições econômicas e a visão de uma criança sobre os fatos. Aliás, isso é algo muito inovador para a literatura brasileira.
Até hoje não é comum vermos a voz das crianças contando uma história e, muito menos, com toda a maestria dessa.
Pensando nisso, hoje fizemos um resumo do livro “Meu Pé de Laranja Lima” para que você conheça a história.
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Boa leitura!
Vamos conhecer o resumo completo do livro Meu Pé de Laranja Lima?
A obra, dividida em duas partes, mostra parte da história de uma família, com oito pessoas, composta pelos pais e seis filhos.
Inicialmente, eles viviam em Bangu, um bairro pobre da zona oeste, periferia da cidade do Rio de Janeiro. Tiveram, por certo tempo, uma situação financeira regular, como muitas famílias de classes sociais semelhantes.
O pai era gerente de uma fábrica e podia proporcionar um estilo de vida confortável. Por algum motivo, o chefe da casa perdeu o emprego e, mãe e irmãs mais velhas, por sua vez, foram obrigadas a trabalhar no Moinho Inglês para garantir o sustento de todos.
Viver no Rio de Janeiro nunca foi fácil. O aluguel não era pago havia mais de oito meses e todos tinham que aprender a dura realidade e conviver com as piores situações tais como o crédito para compras no armazém sendo cortado, bem como a energia elétrica, por falta de pagamento.
Neste ambiente de pobreza, o menino Zezé e seus irmãos procuravam fazer qualquer coisa para ganhar algum dinheiro, entre elas, engraxar sapatos, vender bolinhas de gude e figurinhas. Zezé gostava de ir ao cinema pois ali se encontrava com seus heróis favoritos.
O mundo de Zezé
Seguindo a tradição da casa, na criação dos filhos, os irmãos mais velhos cuidavam dos mais novos, Zezé costumava cuidar de seu irmão menor, Luiz.
Ele chamava seu irmão mais novo de rei Luiz, a quem incentivava sua imaginação no quintal de casa, respondendo suas perguntas e simulando vários ambientes como um jardim zoológico, uma selva, entre outros. Era um mundo seu, diferente da realidade.
Zezé tinha grande paixão pelo trem que passava pela cidade, o qual chamava de Mangaratiba e que considerava poderoso por seu porte e força.
O menino queria ser escritor e, surpreendentemente, aprendeu a ler sozinho, fato que nem mesmo ele sabia como. Seu tio Edmundo ensinava ao garoto, quando possível, palavras difíceis e incomuns as quais ele admirava e decorava, tanto quanto à escrita quanto ao seu significado.
É claro que, assim como a maioria das crianças de sua idade, não vivia apenas de estudos. A traquinagem, bem como a violência física, faziam parte de sua rotina quase diariamente.
Algumas peraltices eram descobertas pelos adultos e vizinhos e imediatamente atribuídas a ele, filho do “seu” Paulo, ainda que ele pudesse não ter sido o autor, o que fazia com que ele tomasse surras de seus pais ou de sua irmã mais velha, mas que nem sempre merecia.
Sua irmã Glória não costumava bater nele e o defendia sempre perante a mãe.
Em sua inocência, o menino buscava conhecimento com os mais velhos, fazendo diversas perguntas, a começar por seu irmão, Totoca, que nem sempre estava disposto a ajudar, mas colaborou, ensinando, entre outras coisas, a atravessar a rodovia Rio/São Paulo tomando as devidas precauções.
Desafios e dificuldades na zona oeste do Rio de Janeiro
O garoto vivia em um ambiente hostil com pouca possibilidade de mudar sua história.
O pai, sempre de péssimo humor, provocado pela situação da falta de dinheiro e das necessidades pelas quais a família passava. Sua relação com o menino nunca foi das mais amistosas.
Quase o mesmo se passa com a mãe e as irmãs, obrigadas a trabalhar em local nada agradável, ambiente de fábrica, nem sempre favorável à presença feminina.
O plano foi fugir das dívidas por não ter condições de pagá-las e a família se mudou para outra casa, com amplo quintal, bom espaço e várias árvores frutíferas nele plantadas.
Ao visitar o futuro lar, cada filho pode escolher uma árvore para ser sua e, para Zezé, restou um pequeno e franzino pé de laranja lima – o qual, a princípio, ele não queria.
Mas, estando junto à árvore, uma voz surgiu, não se sabe de onde e começou a falar com ele. Em seu mundo de infinita imaginação, Zezé agora falava com seu pé de laranja lima, a quem deu o nome de Minguinho.
Um pé de laranja lima que fala? Como pode? Foi neste momento que uma grande amizade se iniciou e que Zezé pode ter ali em seu novo amigo um confidente no qual poderia confiar seus maiores segredos.
O pé de laranja lima, também chamado de Minguinho ou Xururuca, foi seu grande amigo até que uma nova amizade surgiu em sua vida.
Os estudos de Zezé
Zezé começou a frequentar o curso primário ainda com cinco anos, afinal, o menino já sabia ler, só lhe faltavam mais estudos.
Sua professora logo se afeiçoou a ele, principalmente pelo carinho que tinha por ela ao lhe dar sempre uma flor que roubava do quintal do vizinho e levava para presenteá-la, colocando em um copo, gesto que perdurou até que Dona Cecília Paim descobriu o pequeno delito e pediu a Zezé que não fizesse mais aquilo.
Todas as professoras ganhavam flores, menos Dona Cecília Paim. Na imaginação de Zezé, o motivo era por ela ser feia.
Combinaram então que o copo de Dona Cecília Paim seria preenchido com uma flor imaginária que seria colocada ali todos os dias por Zezé.
O aprendizado nunca foi um problema para Zezé, ao contrário, para aprender, deixava seu mundo de imaginação e de violência, mudando um pouco a história para se tornar um aluno exemplar, gentil e educado, admirado por sua professora.
Aventuras e travessuras
As travessuras ainda faziam parte da vida desta criança, assim como tantas em sua idade. A grande aventura consistia em “morcegar” nos carros que passavam.
Todos faziam isto em quase todos os carros que passavam pela rua, menos em um. Ninguém se atrevia a tentar pegar carona clandestina no carro do “português”, o senhor Manuel Valadares.
Um verdadeiro desafio para Zezé que, caso conseguisse, o colocaria em uma situação diferenciada perante as outras crianças.
Com isto em mente, passou a monitorar os movimentos deste carro e seu motorista e, na primeira oportunidade, se agarrou ao estepe com toda força e esperou que o carro arrancasse.
Em sua pressa, esqueceu que deveria ter esperado que o motorista ligasse o motor para depois subir. Com isto, o motorista, o “portuga” descobriu a manobra e o interceptou antes mesmo de dar a partida.
Uma grande reprimenda foi dada a Zezé, acompanhada pela dor de bons puxões de orelha, mediante uma plateia, incluindo crianças, que na rua assistiam a tudo e se divertiam com a situação.
Zezé jurou o motorista de morte, o que aconteceria assim que ele crescesse.
Depois deste episódio, Zezé evitava o caminho por onde pudesse encontrar o carro e o motorista que o havia lhe passado a descompostura.
Um dia, Zezé se acidentou em seu quintal e cortou o pé. Ficou um tempo em casa, sem ir à escola. Mas, depois de melhorar, voltou a frequentar as classes, com o pé enfaixado.
O surgimento de uma bela amizade
Zezé não queria, porém, o encontro com o “portuga”, em certo momento foi inevitável. Então, o homem teve compaixão da criança que seguia mancando para a escola e o convidou para ir em seu carro e, percebendo arder em febre, o levou para a farmácia onde foi medicado.
Deste dia em diante, uma grande amizade se iniciou. Agora Zezé já sabe o nome do amigo: Manuel Valadares, o Portuga.
Foi um período de melhora para Zezé que agora contava com dois grandes amigos: o pé de laranja lima, seu principal confidente, e o Portuga, que, queira ou não, fazia a vez de seu pai, pois supria suas necessidades de afeto e materiais.
Uma relação entre amigos, verdadeira.
Perdas inestimáveis e recomeços
Tudo transcorria muito bem até que a história de Zezé foi fortemente abalada por duas grandes tragédias.
O irmão mais velho, Totoca informou que a prefeitura começaria em breve uma obra no local onde moravam, abrangendo várias casas para o alargamento das ruas e que provavelmente o seu amigo Minguinho teria que ser cortado.
Isto, em si, já foi um grande abalo na vida do pequeno Zezé, pois era em seu pé de laranja lima, o Minguinho, que o menino encontrava alívio e um grande refúgio em suas horas de tristeza.
Passado algum tempo, algo terrível acontece. Chega a notícia de um acidente onde o trem Mangaratiba colidiu com um automóvel.
Mas, não se tratava de um automóvel qualquer, mas sim o automóvel do Portuga, no qual ele, o motorista, não resistiu e morreu.
Como nem tudo é pura amargura, no meio de tanta tristeza, o pai de Zezé consegue uma colocação, um novo emprego que agora promete mudar novamente a história da família.
Surgem novas esperanças e novas promessas e a clara impressão de que tudo vai mudar de vez para melhor, uma resposta aos apelos de todos.
E, em uma reconciliação com o filho, o pai promete a ele uma nova casa, com grande quintal e grandes árvores, onde Zezé será o primeiro a escolher sua árvore para adotar.
É claro que Zezé nunca esqueceu de seu querido Portuga, o Manuel Valadares que, em nota, depois de adulto, José Mauro de Vasconcelos confessa que sempre tem a impressão de que o amigo vai reaparecer a qualquer momento para relembrar os maravilhosos momentos que passaram juntos.
Gostou do resumo do livro?
Esperamos que você tenha gostado de conhecer a história do livro “Meu Pé de Laranja Lima”, um livro indispensável da literatura infanto juvenil que ensina muito sobre amizade e amadurecimento.
Aqui no Mural dos Livros, estamos sempre trazendo novos resumos e listas para tornar sua leitura ainda mais completa e agradável.
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Boa leitura e até a próxima!