Resumo do livro O Guarani, de José de Alencar

José de Alencar é um dos autores nacionais mais importantes. Sua obra é lida e analisada até hoje, e possui grande destaque entre os livros utilizados em vestibulares. Com este resumo do livro “O Guarani”, você poderá conhecer a obra deste incrível representante do romantismo nacional e também se preparar melhor para as provas.

Em relação à sua publicação, a primeira versão de O Guarani foi publicada em folhetins ao longo de 1857. Ainda neste ano, todos os capítulos foram reunidos em um livro único que desde o lançamento chamou a atenção das pessoas letradas.

Apesar de trazer personagens bastante caricatos, a obra segue a tendência de seu tempo e faz parte da tríada de romances focados na figura do índio publicados por José de Alencar. Completam a lista os romances “Iracema” (1865) e “Ubirajara” (1875).

Seguindo moldes clássicos já estabelecidos, a história de “O Guarani” possui romance e tragédia aplicados a um cenário histórico tipicamente brasileiro. Aqui o herói medieval corajoso e a donzela necessitada de proteção são traduzidos para a realidade nacional, com a temática do romance indigenista.

Para o herói, José de Alencar escolhe o índio brasileiro, representado na figura de Peri. Ele é forte, valente e bastante ingênuo, pronto para fazer qualquer sacrifício para salvar a amada. A donzela fica a cargo da jovem descendente de portugueses, a jovem de pele e olhos claros Cecília.

Neste encontro de realidades, há a relação de colonizador e colonizado, traçando um paralelo histórico com a formação da identidade nacional. Ao mesmo tempo, idealiza a figura do índio de maneira mítica a patriótica, característica do indianismo.

Para entender como isso é feito, venha conosco conhecer essa clássica história nacional!

Anúncios

Resumo da obra O Guarani

A história de “O Guarani” tem como palco central a fazenda de D. Antônio Mariz, no século XVII. O fidalgo português participou na fundação da cidade do Rio de Janeiro e é grande amigo de Portugal, Por isso ele recebeu a propriedade como retribuição por serviços prestados à coroa, e aqui ele estabeleceu família.

Localizada às margens do Rio Paquequer, afluente do Rio Paraíba, na Serra dos Órgãos, a construção principal segue moldes clássicos medievais, se assemelhando a um castelo. Porém, as semelhanças ao estilo medieval não se restringem à arquitetura. Toda a estrutura social do lugar é semelhante ao dos lordes feudais.

Aqui, D. Antônio é a figura central, patriarca e lorde local. Consigo vivem a família, esposa e filhos, os criados e os servos, além de uma série de amigos, companheiros ou mesmo viajantes, aventureiros e mercenários. Todos estes juram lealdade a ele e à coroa portuguesa, mantendo o sentimento de patriotismo.

Os moradores da casa

Junto do chefe da família e orgulhoso português em terras brasileiras, vive na casa a esposa de D. Antônio, D. Laurina Mariz. Ela é uma dama paulista que possui um bom coração, apesar de um pouco egoísta. Ela e o marido tiveram dois filhos, D. Diogo de Mariz e Cecília, ou apenas Ceci.

Cecília é a heroína da história. Ela é uma garota delicada, meiga e suave de aparência bela, com os olhos azuis e cabelos loiros. Uma idealização perfeita da donzela no romantismo, Ceci uma vez foi salva de um deslizamento de pedras pela figura heroica de um índio brasileiro.

Este índio é Peri, o herói de “O Guarani”, que salvou a donzela Ceci e se apaixonou por ela depois disso. Pertencente à tribo dos Goitacás, ele é corajoso, destemido e protege a garota de todos os perigos. Após ter resgatado a filha de D. Antônio e ser aceito por este, Peri agora vive na propriedade, defendendo Ceci de tudo e todos.

Além dos dois heróis, moram na casa ainda outros personagens importantes. Diogo, o primogênito, é um típico jovem filho de fazendeiro e passa os dias em meio a caçadas diversas. Como o filho homem mais velho, seu destino é herdar a propriedade e os negócios da família.

Isabel é a outra filha de D. Antônio de Mariz, porém, uma bastarda nascida de uma índia. Ela vive na casa enquanto se apresenta como prima de Cecília e Diogo. Isabel é descrita como uma moça bela e sensual, de pele morena e sorriso cativante. É apaixonada por Álvaro de Sá.

Álvaro é amigo de D. Antônio e o serve com lealdade. Ele não corresponde ao amor de Isabel e apenas tem olhos para Cecília, que por sua vez é apaixonada por Peri.

Por fim, na propriedade, encontramos ainda Loredano, um servo do fidalgo de lealdade questionável, ao contrário de Álvaro. Ele é o ex-frei Ângelo di Lucca, Loredano secretamente trama a tomada de uma mina de prata na propriedade, a derrubada da família Mariz e sequestro de Ceci.

A inimizade dos nativos e a traição

As coisas se complicam quando Diogo, durante uma caçada, mata acidentalmente uma índia da tribo dos aimorés. Em busca de vingança, os índios da tribo começam a fazer ataques contra os Mariz.

Um deles é contra Cecília, que se torna alvo durante um de seus banhos. Vigiada por dois índios aimorés, prontos para matá-la, ela é salva por Peri, que mata os dois a flechadas antes que fizessem mal à jovem.

O problema é que tal ato heroico foi presenciado por uma integrante dos aimorés, que denuncia aos demais o ocorrido. Isso enfurece ainda mais os índios, que declararam guerra à D. Antônio e sua família. Eles planejam atacar a fazenda, o que coloca em risco a vida de Ceci, Peri e todos ali presentes.

Durante esses eventos, Loredano continua com os seus planos de ter para si as minas de prata, raptar Cecília e acabar com os Mariz. Estes são constantemente frustrados por Peri, e mais uma vez acontece. O índio escuta Loredano tramar um incêndio na casa com seus capangas.

Peri informa a família dos planos de Loredano e dos aimorés. Esta última informação convence mesmo a desconfiada D. Laurinda, que não gostava da presença do nativo em sua casa. A matriarca vê que Peri é leal e permite que o índio continue na casa.

O ataque dos índios Aimorés

Tudo culmina no ataque dos índios aimorés, em sua sede de vingança, contra a terra de D. Antônio, ao mesmo tempo que os capangas de Loredano se rebelam a mando dele. A família e os servos fiéis se preparam para proteger a casa dessas duas forças.

Os índios fazem um cerco à casa, pouco a pouco exaurindo as forças de todos. Para resolver esta situação, Peri monta um plano ousado e perigoso, que culminaria em sua morte.

Com o conhecimento de que os aimorés são canibais, ele pretende se envenenar e se lançar em combate. Caso lute com ferocidade e honra, imagina ele, os índios verão valor em consumir o seu corpo e, então, morrerão pelo veneno em sua carne. Para pôr em ação este plano, ele envenena a fonte de água da propriedade e a si mesmo.

Ao saber do plano de seu amado, Ceci luta para convencê-lo em desistir de tal loucura. Álvaro se une aos esforços, pois não nutre inimizade com o índio. Os esforços dos dois convencem Peri a desistir do plano, e Ceci o faz tomar um antídoto para que continue vivo e a protegê-la como seu herói e amado.

A jornada para o horizonte

Os planos de Loredano se frustram ainda mais quando alguns de seus aliados morrem pelo veneno presente na água, colocado por Peri. O traidor eventualmente é capturado e condenado à morte na fogueira.

Álvaro, que estava profundamente engajado no combate, passa a corresponder o amor de Isabel. Porém, seu fim é trágico, e ele acaba morto pelos índios em uma emboscada quando saí da casa para buscar mantimentos para todos. Seu corpo é levado de volta à casa de D. Antônio, e Isabel se tranca na sala com ele, onde se mata para partir junto de seu amor.

Percebendo que tudo está condenado, D. Antônio se volta mais uma vez para Peri. Ele pede ao índio que salve Ceci e parta com ela. Para isso pede a conversão dele ao cristianismo, aceita pelo nativo.

Os dois vão embora e D. Álvaro fica para trás, pronto para executar o seu plano final. Ele utiliza barris de pólvora e causa uma enorme explosão, levando com sua vida a casa e os atacantes.

Cecília e Peri partem em uma canoa pelo Rio Paquequer, com a explosão em suas costas. Ceci estava adormecida por vinho, feito por seu pai para que fosse levada pelo índio, e acorda já no rio. Com toda a tragédia, ela decide por viver com Peri na mata.

A obra termina com uma grande tempestade onde o rio se enche em proporções diluvianas Com sua canoa em meio ao aguaceiro, o casal some em direção ao horizonte.

Quem foi José de Alencar?

Um grande expositor da literatura nacional, José Martiniano de Alencar é um nome histórico na arte e política nacional. Ele nasceu em 1829, em Fortaleza, e se mudou para o Rio de Janeiro com a família em 1838.

Filho do senador do império José Martiniano de Alencar e de Ana Josefina, José de Alencar teve boa educação e contato desde cedo com figuras políticas importantes. Em São Paulo, estudou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Decidiu-se por seguir carreira na escrita em 1844 e se entregou à leitura e estudo dos maiores nomes da época. Viria publicar seu primeiro romance, “Cinco minutos”, em 1856, após ter feito carreira na advocacia e trabalhado como colunista para o Correio Mercantil.

Publicou “O Guarani” no formato de folhetim, em capítulos semanais pelo Diário do Rio de Janeiro. Outras obras famosas de sua autoria são “Iracema”, de 1865, “Senhora”, de 1874, e “O Tronco do Ipê”, de 1871.

Na vida política, José de Alencar foi integrante do Partido Conservador e eleito como deputado geral pelo estado do Ceará. Foi ainda Ministro da Justiça entre os anos de 1869 e 1870. Machado de Assis escolheu José de Alencar para ocupar a 23ª cadeira na Academia Brasileira de Letras.

José de Alencar é tido como um dos maiores autores do nacionalismo romântico, movimento literário brasileiro com forte influência do romantismo tradicional, com histórias heroicas e trágicas. Seu estilo mais conhecido é o indianismo, que busca definir a figura do índio nativo como o herói brasileiro e fortalecer os símbolos nacionais.

Adaptações de O Guarani

“O Guarani” teve também algumas adaptações para as telas e outras mídias.

Um filme de 1979 conta com David Cardoso como Peri e Dorothée Marie Bouvyer no papel de Ceci. Já em 1996, esses papéis foram feitos por Márcio Garcia e Tatiana Issa, respectivamente, em mais uma adaptação cinematográfica da obra.

Uma série de 35 episódios foi produzida pela TV Manchete em 1991. Walcyr Carrasco cuidou do texto, Angélica interpretou Cecília e Leonardo Brício ficou a cargo de Peri.