O livro Éramos Seis trata-se do segundo romance da escritora Maria José Dupré. Foi publicado em 1943 por meio da Companhia Editora Nacional, mas também já passou pelas editoras Brasiliense, Saraiva, Coleção Saraiva, Círculo do Livro, Clube do Livro, Editora Ática, entre outras.
A obra teve uma adaptação na dramaturgia em julho do ano de 1945 exibida pela rádio Tupi, com o formato de radionovela. Neste mesmo ano, houve um lançamento do filme argentino, que tinha o mesmo título do livro escrito por Maria José Dupré e era inspirado na obra da autora.
E não parou por aí: na televisão, acabou conquistando cinco versões que tinha um formato de telenovelas. O tom dramático e o enredo cheio de reviravoltas é perfeito para adaptações em telenovelas, o que faz dessa obra uma das mais usadas pela dramaturgia brasileira.
Em 1958, a primeira versão foi exibida pela Record TV e ainda outra adaptação foi feita de maneira regional.
Nas décadas de 60 e 70, houve duas adaptações televisivas pela TV Tupi. Em 1994 foi a vez do SBT fazer a sua versão e, por fim, a Globo recriou a obra entre 2019 e 2020.
Além disso, o livro de Maria José Dupré conquistou o prêmio Raul Pompéia pela Academia Brasileira de Letras, sendo considerado o melhor lançamento de 1943.
Outra sequência da obra acabou sendo escrita pela autora e publicada de maneira inédita no ano de 1949, cujo título era “Dona Lola”. Nesta nova narrativa, a escritora Maria José Dupré deu sequência à sua protagonista-narradora, fazendo uso de parte dos personagens do livro Éramos Seis, além de acrescentar outros integrantes na narrativa.
No ano de 2020, o livro teve um relançamento pela Editora Ática, depois de décadas a contar do último lançamento.
Iniciando o resumo de Éramos Seis
Em suma, “Éramos seis” aborda o drama de famílias que precisam lutar para conseguir o básico para a sobrevivência. Com isso, a obra destaca, além da vida comum de uma família de baixa renda, os dramas da terceira idade em função do gênero diante de uma metrópole e muitas outras questões.
Além disso, funções nas quais muitas vezes passaram despercebidos – como, por exemplo, a falta de reconhecimento de uma dona de casa, e a desvalorização até mesmo dos próprios filhos, que na maior parte das vezes criam um mundo divergente comparado aos pais – vêm à tona na narrativa dos personagens.
A obra “Éramos seis” conta a história de uma família classificada como classe média baixa, que era conduzida por Dona Lola. Júlio Abílio de Lemos é marido de Dona Lola e possui quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel.
A história retrata a família ao longo de três décadas na primeira metade do século XX. O retrato começa em 1924, quando a família adquire a cada na Rua Augusta e o mundo ainda passa pela crise da Gripe Espanhola. O fim do retrato é em 1942, ainda durante a Segunda Guerra Mundial.
Ademais, o enredo mostra com maestria o clima político de seu tempo, com disputas entre capitalismo e comunismo e as duas revoluções que ocorreram em São Paulo (1924 e 1932).
Trajetória de Dona Lola, personagem principal de Éramos Seis
A obra tem narração da personagem Lola, ou ainda Eleonora, como também é conhecida, e é feita em primeira pessoa. Além disso, o cenário se concentra na cidade de São Paulo e Itapetininga.
No período onde existem transformações de comportamentos sociais, que é a essência do romance, são exercidas influências nas atitudes dos personagens no decorrer da obra.
Diante disso, alguns acontecimentos importantes como a Revolução Paulista, que ocorreu em 1924, a gripe espanhola, que começou em 1918 e se arrastou por anos, e ainda a Revolução Constitucionalista em 1932 têm sido vivenciadas pelo olhar da família Lemos, contada pela Dona Lola.
Na obra “Éramos seis”, é narrada a história de vida de Dona Lola, que vem desde a infância até a vida adulta. Na trajetória, é contada o momento quando o Júlio, seu marido, trabalhava em uma loja que comercializava tecidos e ainda aborda a relação de dificuldade para quitar as prestações de compra da casa. Ademais, aborda a relação da personagem com os filhos e, assim, chegando à velhice.
No início da obra, no ano de 1924, a autora Maria José Dupré, conta a história do primeiro ano em que Lola e sua família moram em uma residência localizada na Avenida Angélica, na capital paulista. Antes disso, logo depois de se casarem, Lola e seu marido moravam em uma casa menor e alugada que ficava no bairro de Bom Retiro, também localizado na região central de São Paulo.
Já na parte final do livro, no ano de 1934, dona Lola acaba vendendo sua casa, que se localizava na Avenida Angélica, local em que viveu por cerca de 12 anos, e que acabou se mudando para uma casa menor que ficava na região da Barra Funda. Neste local, Lola vivia com seu filho mais novo, Carlos, que diferente dos demais irmãos, morava com a mãe.
Por fim, a história acaba acelerando o tempo, depois de pular de um período de oito anos, no momento em que Lola morava em um quarto alugado em uma espécie de pensão de com mulheres do convento.
No começo da narrativa, a filha de Lola, Isabel, tinha três anos de idade, Julinho tinha cinco, Alfredo sete anos e Carlos tinha nove. Com isso, muitos acontecimentos ocorrem durante a narrativa, como a morte de Júlio, seu marido, vítima de uma doença estomacal.
Além disso, são narrados vários outros acontecimentos: o sumiço de Alfredo para não ser preso, a união da personagem Isabel com um homem divorciado, Felício, por não ser aceito por Lola, e ainda a morte de Carlos, que deixou todos surpresos, vítima também de uma doença estomacal.
A morte do irmão mais velho fez com que a família de Lola se desfizesse por um período que acabou sendo por oito anos.
O título da narrativa do romance se dá por meio de Dona Lola no momento do fim da vida, encontrando-se sozinha em um quartinho alugado e ainda em uma confortável pensão de mulheres do convento, localizado na Rua da Consolação, no Centro de São Paulo. Anteriormente eram seis pessoas e, ao final, só resta ela.
Contudo, o elemento considerado mais importante do romance acabou tornando-se a maneira como a autora fez com que a narração da história da família Lemos se unisse de maneira umbilical diante das transformações sociais presentes no país.
Além disso, este foi um dos elementos que, até hoje, são utilizados adaptações televisivas do livro.
Principais personagens de Éramos Seis
Para melhor entendimento, abaixo destacamos os principais personagens da obra Éramos Seis e suas características marcantes. Não deixe de conferir para que sua leitura seja ainda mais completa!
- Dona Lola: conhecida também como Eleonora, é casada com Júlio Abílio de Lemos, com quem possui quatro filhos. Além disso, é a narradora da história e também a personagem principal, que fica sozinha no final da narrativa;
- Júlio Abílio de Lemos: é considerado o patriarca da família Lemos, é marido de Lola e tem uma característica rude. Além disso, não esconde a predileção pela filha mais nova, Isabel, comparada aos meninos;
- Carlos Abílio de Lemos: é muito próximo da personagem principal e é o primogênito da família Lemos. Além de cantar em um programa de rádio e tocar violão, tem o sonho de se tornar médico, mas vai trabalhar em um banco após a morte do pai;
- Alfredo Abílio de Lemos: é o segundo filho de Júlio e Lola e também é considerado o mais rebelde da família. Apesar de ser muito carinhoso com a mãe, Alfredo causa, na maior parte das vezes, conflitos com os mais próximos;
- Julinho Abílio de Lemos: é o terceiro filho da família e já mostrou ao pai que desde criança tinha uma maior habilidade para lidar com o dinheiro;
- Isabel Abílio de Lemos: é a única filha entre os meninos. Consegue fazer com que o pai mostre gestos de afetos e é a favorita de Júlio;
- Olga: é dois anos mais nova que Lola e é também a irmã mais nova da esposa de Júlio. É casada com Zeca, com quem teve cinco filhos. Olga trabalha como professora;
- Tia Emília: é uma das pessoas mais velhas da família do pai de Lola. Além disso, foi casada com um homem bem importante e rico;
- Clotilde: é considerada uma pessoa prestativa, leve, alegre e calma e, ao longo da história, acabou ficando solteira. É a irmã mais velha de Lola.
Durante a narrativa, vários outros personagens compõem a história intitulada “Éramos seis”, de Maria José Dupré, mas não desempenham papéis tão importantes quanto os citados.
Quem é Maria José Dupré, autora do livro Éramos Seis?
A autora do livro “Éramos seis”, Maria José Dupré, também usava o pseudônimo de senhora Leandro Dupré. Foi uma grande escritora brasileira e ficou conhecida pelo sucesso na literatura com a obra que acabamos de resumir, além da série infantil “Cachorrinho Samba”.
Maria José Dupré nasceu no dia 1° de maio de 1898, na Fazenda Bela Vista, localizada em Botucatu. Seus pais foram Rosa de Barros Fleury Cardoso e Antônio Lopes de Oliveira Monteiro.
Além disso, teve sua alfabetização realizada pelo pai e irmão mais velho. E, ainda, conseguiu fazer aulas de música, pintura e formação literária.
Cursou a Escola Normal Caetano de Campos, onde estudou para tornar-se professora e, após se casar com o engenheiro Leandro Dupré, sua carreira na literatura deu início.
Com isso, no ano de 1939, fez a publicação da obra “Meninas tristes”, utilizando o pseudônimo de Mary Joseph, no suplemento de literatura d’O Estado de S. Paulo, e teve total apoio do marido.
Publicou pela primeira vez seu livro de literatura no ano de 1941, cujo título era “O romance de Teresa Bernard”.
O livro “Éramos seis” foi lançado dois anos depois e acabou conquistando o prêmio Raul Pompéia, no ano de 1944, pela Academia Brasileira de Letras.
Antes disso, no ano de 1943, começou a publicar alguns livros infantis como, por exemplo, “Aventuras de Vera, Lúcia, Pingo e Pipoca”. No ano seguinte, faz uma aliança com o escritor Monteiro Lobato.
Entre os livros direcionados ao público infantil, conquistaram um maior destaque os que compõem a série que conta a história do cachorrinho Samba. O sucesso foi tanto que acabou recebendo o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
Além disso, seus vários romances como, por exemplo, “Gina e Os Rodríguez”, receberam traduções em diferentes países.
Além de uma das mais importantes escritoras, Maria José Dupré foi vice-presidente da entidade beneficente Gota de Leite e ainda da Creche Baronesa. A literária foi também membro diretivo da Sociedade Paulista de Escritores.
Faleceu no dia 15 de maio de 1984 devido a um acidente vascular cerebral.
Entre suas obras, elencamos as de maior sucesso a seguir.
- O Romance de Teresa Bernard, de 1941;
- Éramos Seis, de 1943;
- Luz e Sombra, de 1944;
- Gina, de 1945;
- Os Rodriguez, de 1946;
- Dona Lola, de 1949;
- Vila Soledade, de 1953;
- Angélica música, de 1955;
- Menina Isabel, de 1965;
- Os Caminhos, de 1969.
Gostou do resumo do livro de Maria José Dupré?
Esperamos que você tenha gostado do resumo do livro “Éramos seis” e que isso incentive você a comprar um exemplar ou, ainda, conhecer outras obras da escritora.
A leitura é algo que nos transporta para outros mundos, que estimula a criatividade e faz momentos especiais serem eternizados em nossa memória. Seja em dispositivos eletrônicos como o Kindle, da Amazon, ou em formato físico, à moda antiga, ler é maravilhoso!
Aproveite para conferir, aqui no Mural dos Livros, outros resumos de excelentes obras que já publicamos:
- Resumo do Livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell (clique aqui para ler)
- Resumo do livro O Alienista, de Machado de Assis (clique aqui para ler)
- Resumo do livro Senhora, de José de Alencar (clique aqui para ler)
- Resumo de Madame Bovary: Análise Completa do Livro (clique aqui para ler)
- Resumo do livro Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães: Análise Completa da Obra (clique aqui para ler)
Boa leitura e até a próxima!